Olá, Valença!!
Iniciamos nossa Entrevista Cultural com um bate-papo com Fernando Monção. Fernando é proprietário do Restaurante Delivery Rango do Compadre e desenvolveu o Projeto Livro sem Fronteiras/Valença, Cidade da Leitura.Através do Blog http://fernandomoncao.blogspot.com/ ele apresenta esse sonho que a cada dia se torna um pouco mais, realidade, e que poderá trazer à nossa cidade, cultura, desenvolvimento, recursos, e é claro, muitos novos amigos. Em tela... Fernando Monção.
- Você é de Volta Redonda. Como chegou à Valença?
- Vim para Valença há três anos, chegando aqui me deparei com algumas situações bem interessantes e resolvi ficar de vez, a cidade era acolhedora e propiciava muitas possibilidades, o povo muito simpático e amigo, clima bom, tranquilidade, segurança e sitio cultural... É o lugar que quero viver e criar meus filhos.
Logo montei o Rango do Compadre, um delivery com as características para resolver uma das lacunas que percebi no ramo de alimentação nas noites. Eu ficava atado a comer sanduíche ou pizza; adoro, mas todo dia era impraticável, então montamos um serviço de entregas com a proposta de fazer a receita que o cliente quisesse e que pudesse manter o preço equivalente ao do sanduíche. Dispomos ao cliente um cardápio com os itens que temos e ele faz a combinação que quiser.
- Como surgiu a ideia do projeto Livro sem Fronteiras/Valença - cidade da leitura?
- Foi aí que começou o Projeto, para confeccionar esse cardápio, que precisava ser grande, durável e bem colorido, o custo era muito alto, então, criei espaços publicitários nas margens do impresso, assim eu rateava o custo e trazia a credibilidade de comerciantes respeitados endossando meu negócio, mas restava a dúvida de que as pessoas fossem ler material tão complexo e grande.
Pois bem, no verso, em letras miúdas imprimimos a seguinte frase:
“Estamos reunindo livros, novos ou usados com a proposta de montarmos uma biblioteca itinerante, se você tem algum e queira doar, entre em contato conosco nos telefones do Rango do Compadre e buscamos, ok?”
Confesso que não tínhamos a menor ideia de como seria o Projeto naquele momento, sabíamos que daríamos um destino nobre, mas ainda não sabíamos qual. Então as coisas começaram a acontecer, as pessoas leram... E leram bastante, os livros vinham e vinham sempre com um bilhete de agradecimento e incentivo.
Alguém sugeriu que eu colocasse a mensagem na internet, aí explodiu de vez, mais livros, mais bilhetes e pessoas querendo ajudar... Foi quando apareceu Regina Porto Valença do Movimento do Livro Errante, um projeto fantástico que disponibiliza livros com a mensagem de que esses não pertencem ao leitor, pede que ao final da leitura, o esqueça de novo num local público, como banco de praça ou estação rodoviária, de cara me apaixonei e daí veio a espinha dorsal do Livro Sem Fronteiras. Iríamos colocar os livros nas praças da cidade. Esses amigos virtuais nos mandavam livros e replicavam a mensagem à seus amigos, e esses aos seus... Assim por diante... As doações cresceram, a um ponto de precisar de um abrigo, então foi que Germano Brito projetou a casa na árvore que funcionará como ponto de troca, e buscamos o apoio da Prefeitura, da iniciativa privada, das entidades religiosas e de classe, enfim de toda a cidade e hoje estamos perto de inaugurar com mais de 6.000 livros, mais de 80 apoiadores culturais do comércio local, e uma repercussão enorme pela força da rede virtual.
- Há nos Estados Unidos o Projeto Livro Livre, já em funcionamento em mais de 130 países. No que difere e no que se assemelha o Livro sem
Fronteiras?
- No que pude apurar (confesso que não conhecia), o FreeBook, destinas-se muito mais a disponibilizar links de livros grátis para e-books o que é muito bacana, mas longe da realidade da maior parte dos nossos cidadãos. Assemelha-se ao conceito de incentivar a leitura e por isso gostei da ideia, mas pessoalmente ainda não estou convicto de ser legal com o autor que vive das suas publicações. Nós também vamos oferecer de graça, mas um livro que já gerou receita ao autor, à gráfica e tal...mas esse é outro assunto.
O Projeto livro Sem Fronteiras é muito mais inspirado no Livro Errante (http://livroerrante.blogspot.com/) e num outro trabalho que merece toda nossa atenção, o Açougueiro Cultural, ( http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,,EMI85331-15228,00.html) uma ideia iluminada e fantástica, Tão despretensiosa como a nossa que hoje mantém 35 estantes de livros completamente a disposição dos leitores nos pontos de ônibus de Brasília.
- Segundo o IBOPE, há cerca de 68% de analfabetos funcionais no Brasil. Como você acha que o Projeto pode influenciar essa realidade?
- O Projeto pretende oferecer todo tipo de assunto a todo tipo de público. Pretende sanar carências de informações técnicas e puro divertimento, pretende estimular por intermédio de seus apoiadores, oficinas e outras atividades culturais no entorno da biblioteca, e com isso vamos certamente fomentar a leitura e essas demais atividades culturais, mas tudo isso de maneira bem autônoma. Não almejamos solucionar mal tão arraigado, Mas se conseguirmos fazer as pessoas se sentirem parte da Cidade da Leitura, teremos cumprido nosso papel.
- Em entrevista ao Jornal O GLOBO de outubro de 2009 foi referido um prazo de cerca de três meses para o início do Projeto. Hoje, qual a data aproximada para a inauguração?
- Pois é... Estamos um pouco atrasados, questões legais, prorrogações de prazo junto ao Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural) para enquadrar na legalidade fiscal, enfim... Estamos na fase final de processos burocráticos para inicio da obra, acredito faltar muito pouco, não mais que 3 ou 4 meses para podermos sentar no Jardim de Baixo e viajar pelas páginas desse acervo que veio cheio de generosidade de todo o país (e continuam chegando, todo santo dia), aqui pra nós em Valença, a Cidade da Leitura.
2 comentários:
Parabéns Carla por entrevistar este ser humano dotado de muitas qualidades e empreendedor, parabéns Fernando e que encontre o sucesso que procuras em seus projetos
Abraços forte
Saudações!
Excelente Post!
Amigo Fernando, esse é um dos projetos mais nobres que há...Afinal, sem livros nada somos, podemos até, ter a internet, mas o abismo é grande, poder folhear uma página, sentir o cheiro de papel é diferente...Quanto ao prazer em servir milhões de pessoas que tanto necessitam do pão da cultura, com certeza é verdaeiramente fascinante e inesquecível!
Parabéns pela excelente entrevista!
Parabéns pelo lindo PROJETO!
Abraços fraternos,
LISON.
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